Envelhecer é inevitável, mas o modo como envelhecemos pode ser transformado a partir das escolhas que fazemos hoje. Esse foi o ponto de partida do novo episódio do Conversa Cabergs, que recebeu a médica geriatra e acupunturista Érica Neves Leite para um bate-papo acessível e cheio de provocações importantes sobre saúde, autonomia e bem-estar na terceira idade.
Ao lado do jornalista Pedro Pereira, a convidada abordou o envelhecimento não como um marco distante, mas como um processo contínuo, que se inicia ainda na barriga da mãe. "O envelhecimento não começa quando aparecem os primeiros sintomas. Ele já está em curso, e quanto mais cedo compreendermos isso, mais fácil é conduzir esse processo com leveza e saúde", explicou Dra. Érica.
Prevenção, autonomia e o básico que funciona
Durante o episódio, a médica reforçou os pilares do chamado 'envelhecimento bem-sucedido": alimentação equilibrada, sono de qualidade, atividade física regular, gerenciamento do estresse e socialização. "São hábitos simples, mas com impacto direto na forma como nosso corpo e mente respondem ao tempo", pontuou.
Mais do que focar em doenças, a proposta é manter a funcionalidade, ou seja, a capacidade de realizar tarefas cotidianas com independência. "Ter força muscular para se levantar da cama, subir uma escada ou carregar compras é parte do que garante autonomia na velhice. Por isso, não dá para abrir mão de exercícios que envolvam fortalecimento muscular, além das atividades aeróbicas", orientou.
A ciência dos hábitos: epigenética e saúde ao longo da vida
Outro ponto discutido no episódio foi a epigenética, ciência que estuda como nossos hábitos podem ativar ou silenciar genes relacionados a doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. Dra. Érica destacou que cuidar da saúde física e emocional é capaz de retardar o surgimento de sintomas mesmo entre pessoas com predisposição genética.
Ela também reforçou que o exame médico não deve ser confundido com prevenção. "Exame é rastreamento. Prevenção é o que fazemos todos os dias, com nossas escolhas. E é muito mais barato prevenir do que remediar."
Socialização e saúde mental: os segredos invisíveis da longevidade
A conversa também trouxe dados curiosos sobre o impacto da socialização na saúde cognitiva. Segundo a convidada, estudos de longa duração, como os realizados em Harvard, revelaram que o fator comum entre idosos longevos e com boa qualidade de vida não é a ausência de doenças, mas a presença de vínculos sociais fortes. "Ter com quem contar faz diferença - e não só no emocional. É um fator protetor real para o cérebro."
Nesse contexto, o episódio discute ainda os efeitos da tecnologia: se mal usada, pode isolar e desinformar; quando bem aproveitada, aproxima e empodera. "Não podemos demonizar o celular. Ele também permite que idosos se conectem, participem de grupos, falem com netos por vídeo. O problema está no uso descontrolado ou na exposição a informações falsas", explicou a médica.
Acupuntura como aliada no cuidado
Além da geriatria, Dra. Érica também falou sobre sua atuação com acupuntura, especialmente no tratamento de dores crônicas. "É uma ferramenta que traz alívio com menos medicação, respeitando o ritmo do corpo. As principais indicações são dores lombares, nos joelhos, tensão muscular e condições emocionais. Cada caso deve ser avaliado com cuidado."
O episódio completo está disponível no YouTube e Spotify.